quarta-feira, 26 de março de 2008

O estranho mundo dos grandes

Um passarinho contou-me
Um segredo da minha Sininho.
Contou-me que um dia ela perguntou
ao papá dela com muito carinho:

- Papá, onde está a minha madrinha?
O papá respondeu:
- Na escolinha, minha filha.
Na escolinha.

Na escolinha?
A minha madrinha?
Mas tão grande que ela é...
Como cabe na carteirinha?

O papá riu e corrigiu
- Não é bem uma escolinha.
É uma escola grande, para os grandes.
Chama-se UNIVERSIDADE.

Universigrande?
Que fazem os grandes,
Numa universigrande?

Foi um riso disfacado
Que a Sininho viu
Quando o pai sorriu?

Na Universi... grande
Os grandes estudam.
Respondeu, tentando conter o riso em vão.

Estudam? A madrinha,
Tão grande ainda estuda?
Quando eu for grande como ela
Também tenho que ser aluna?

Mas eu queria ser bailarina.
- Podes ser o que quiseres, menina
Não precisas de ser aluna.

Então se quiser ser bombeira?
- Vais para a escola dos bombeiros.
E se quiser ser polícia?
- Vais para a escola dos polícias.

E a madrinha,
Que está numa Universigrande,
Está a aprender a ser grande?

O pai respirou devagarinhos,
aos solucos, mal contendo o riso.
E colocou-se de brucos.

- Isso também, Sininho,
Mas na Universidade mais do que ser grande
O que a madrinha é é antropóloga.

Não chames nomes à madrinhas,
Que eu gosto dela!
Amuou a Sininho.

O pai mirou-a espantado.
- Nomes à madrinha, eu?
De onde tiraste essa ideia?
Às vezes deixas-me pasmo.

Chamaste-a de pulga!

O pai quase caiu a rir.
Beijou a Sininho na pontinha do nariz
E respondeu feliz:

- As pulgas grandes como a madrinha
não fazem mal.
Só as pulgas pequenas que moram nos cães
E fazem comichão.

A Sininho riu e bocejou com soninho.
Sabes pai, disse quase a dormir
Acho que quando for grande
Também quero ser uma pulga.

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