terça-feira, 7 de outubro de 2008

Os olhos dos meninos da rua

Ontem de manhã cruzei com um olhar conhecido.
O olhar do menino de rua e do seu amigo.
Vejo-o muito por estes dias.
Mais que em outras alturas.
Os entendidos dizem que são sinais de crise.
Se pensassem bem, diriam que era crime
Que os meninos não deveria estar na rua,
mas a brincar, a correr, a sonhar com a lua.

Mas que sei eu da vida?
Sou apenas a bruxa madrinha
de uma pequena bruxinha.
Uma bruxa que olha e deixa o mundo passar à sua volta
E que sente que nada pode fazer para mudá-lo.

Mas dizia eu que me cruzei com o olhar do menino de rua
O menino, na vedade brincava, corria e sonhava com a lua.
Como sei eu isso?
Porque sentado no passeio ele cabeceava de sono.
De olhos fechados, sereno sonhava...
Sonhava e recusava-se a acordar.

O amigo dele estava bem acordado.
E estar acordado significava que os olhos dele
estavam já desconfiados e duros
Duros como o mundo que os rodeia,
indiferente e surdo.
Enconstado ao poste, olhando a rua
ele já não sonhava, nem sorria...